quinta-feira, 12 de junho de 2008

TROCA DE SERINGAS NAS PRISÕES


SUSPEITA DE BOICOTE NA TROCA DE SERINGAS NAS CADEIAS.

Jornal de Notícias


Instituto da droga propõe reformulação do programa, nomeadamente com recurso a maquinas automáticas.


O Presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), João Goulão, criticou o modelo que introduziu o regime de troca de seringas nas cadeias e admite que a reformulação do sistema pode passar pela instalação de máquinas.


As dúvidas de João Goulão em relação aos resultados da aplicação do programa de troca de seringas (ainda provisórios, mas que já indicam ter havido uma procura residual por parte dos reclusos) baseiam-se nos facto de não ser possivel acreditar "infelizmente" que não há presos dependentes de drogas injectaveis.


" Como não acredito nessa realidade, só posso pensar que alguma coisa falhou no desenho desse programa ou que foi boicotada a sua aplicação prática", afirmou, ontém na comissão parlamentar de saúde, o presidente do IDT, que admitiu aguardar pela avaliação em curso, cujos resultados serão divulgados no final deste mês. e esse boicote, referiu aos jornalistas, "começou pelos guardas prisionais, ainda antes da aplicação do programa"

(...)

Ana Paula Correia, in JN, 12/06/2008


PRESIDENTE DO IDT ADMITE FALHANÇO DO PROGRAMA DE TROCA DE SERINGAS NAS PRISÕES


Público

O presidente do instituto da droga e toxicodependência (IDT), João Goulão, reconheceu ontém, na Assembleia da República, que o programa de troca de seringas nas prisões falhou. A falta de confiança dos reclusos e o boicote dos guardas prisionais podem estar na origem da fraca adesão ao programa, disse goulão, que espera ainda por um relatório de avaliação.
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Sofia Rodrigues, in Público, 12/06/2008


Comentários do BLASÉ


Realmente este país anda mesmo doido. Eu pensava que ja tinha visto tudo e que já nada me surpreendia, mas afinal ainda há coisas que me surpreendem. Como as declarações do dr. João Goulão ontém na Assembleia da República.


A problemática da troca de seringas em meio prisional levanta um conjunto de interrogações legais, morais e éticas, sobre as quais não nos vamos pronunciar. Apenas pretendemos comentar as declarações do presidente do IDT.


O despacho conjunto nº 72/2006 nomeou o grupo de trabalho que estudou esta problemática e que decidiu a implementação dos programas de troca de seringas em meio prisional(tal qual existem neste momento) apresentando-os como a solução das soluções para a redução de danos dos consuimidores em meio prisional.


Fomos ver quem fazia parte desse grupo de trabalho, e entre outros consta o seguinte nome: João Augusto Castel-Branco Goulão, Presidente do Conselho de Administração do Instituto da Droga e da Toxicodependência.


"O presidente do Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT), João Goulão, criticou o modelo que introduziu o regime de troca de seringas nas cadeias e admite que a reformulação do sistema pode passar pela instalação de máquinas automáticas"


Ainda bem que ele (o Dr. Goulão) fez parte do grupo de trabalho que decidiu a implementação dos programas de troca de seringas em meio prisional, se não imagine-se lá o que ele diria...


Mas o Dr. João Goulão continua sem perceber, ou não quer perceber, porque é que os programas falharam. Então o mais facil e passar a responsabilidade para os outros, neste caso para os Guardas Prisionais, que como ele diz, "boicotaram os programas antes da sua aplicação".


O Dr. Goulão é um homem de dogmas profundos, não acredita na possibilidade de existirem presos não dependentes de drogas injectaveis.


Para ele todos os presos, ou a sua maioria, são uns consumidores desenfreados de drogas injectaveis;


Também não acredita na mudança de paradigma dos consumos, referida em varios relatórios e por varios especialistas na matéria;


E pelos vistos também não acredita que os presos não queriam e não querem seringas nas prisões, como alias ficou bem patente aquando da aprovação da Lei, e que por exemplo, os reclusos de Paços de Ferreira ameaçaram com providências cautelares, e fizeram um abaixo assinado contra a implementação de tais programas.


E em vez de querer sacudir a agua do capote, e passar a pseudo responsabilidade para os Guardas Prisionais, o Dr. Goulão deveria ter admitido ontem, isso sim, que se enganou nos estabelecimentos prisionais que selecionou para a implementação de tais programas.


E mais, escolher O EPL de Lisboa é um escândalo e só desmoraliza quem tem feito um excelente trabalho no combate à toxicodependência nessa prisão, com resultados notaveis. Mas pelos vistos isso não interessa ao Dr. Goulão;


O Dr. Goulão também tem de perceber, de uma vez por todas, que não resulta copiar modelos de outros países, porque estamos a falar de realidades culturais, socias, etc diferentes;


O Dr. Goulão também deveria ter percebido que um dos problemas para este fracasso foi o facto de a discussão desta problemática ter sido ideológica e não científica, e quando assim é, e infelizmente é muitas vezes em Portugal, os resultados são estes...


Já agora, Dr. Goulão, pode-nos eclarecer quanto se gastou, do nosso dinheiro, nesse flop!!! E quanto, mais, tenciona gastar com a possivel reformulação do programa.


Dr. Goulão, é altura de nos deixarmos de romantismos e ideologias nestas questões que tanto sofrimento provocam às pessoas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Lamentável não se fazerem estudos isentos e credíveis da aplicabilidade dos modelos copiados na velha Europa. Como se nós não fossemos Europa e pudéssemos ter soluções originais!
Dá-me ideia de que assim não vamos lá.

Para o Sr. Dr. Goulão aqui fica a definição de responsabilidade segundo Ambrose Bierce no Dicionário do Diabo:
“Responsabilidade: um fardo descartável e facilmente transferido para os ombros de Deus, do Destino, da Sina, da Sorte ou do nosso vizinho. Nos tempos da astrologia, era comum descarregá-lo para cima de uma estrela.”