quinta-feira, 19 de junho de 2008

Assembleia Municipal aprova moção de censura a Sá Fernandes


A Assembleia Municipal de Lisboa (AML) aprovou hoje uma moção de censura do PSD ao vereador dos Espaços Verdes na Câmara de Lisboa, Sá Fernandes, exortando o presidente da Câmara, António Costa (PS), a retirar-lhe o pelouro.


Em causa está a iniciativa comercial que tem decorrido na Praça das Flores, com o encerramento do espaço ao público a determinadas horas, e que terá como contrapartida a reabilitação do jardim daquele local.


A moção, subscrita pelo deputado municipal social-democrata Vítor Gonçalves, foi aprovada com os votos favoráveis do PSD, em maioria absoluta na AML, e do CDS-PP, as abstenções do PCP e PEV e os votos contra do PS e Bloco de Esquerda.


A aprovação desta moção não tem consequências práticas, já que a AML não tem poderes executivos.


Na moção, Vítor Gonçalves acusou o vereador eleito pelo Bloco de Esquerda de «alugar’ os jardins públicos mais emblemáticos da cidade de Lisboa, privando os cidadãos do seu usufruto».


O deputado municipal do PSD contestou a cedência da Praça das Flores durante 17 dias «guardada com grande aparato policial, a uma marca de automóveis, a Skoda, para esta realizar apresentações do seu novo modelo e várias festas nocturnas, vedando-a a transeuntes, população do bairro, turistas, prejudicando o comércio e incomodando todos os moradores com o barulho das festas, o que provocou um sentimento de revolta pela privatização do espaço público».
Lusa/SOL, 17 Junho de 2008


Comentários do BLASÉ


Tinha feito uma pausa nos escritos do blogue, todavia não podia deixar de comentar esta notícia, até porque são áreas que gosto e que acompanho com interesse pessoal e académico.


Ao ler a referida notícia só me veio à cabeça uma expressão do Dr. Alberto João Jardim: " Tá tudo grosso ou quê".


Apresentar e aprovar uma moção de censura ao vereador dos espaços verdes da CML, exortando ao Presidente de câmara que lhe retire o pelouro, porque o vereador cedeu/alugou, o que lhe quiserem chamar, o jardim da Praça das Flores durante 17 dias à marca de automóveis Skoda para esta realizar apresentações do seu novo modelo e várias festas nocturnas (...) o que provocou no Sr. Deputado Municipal um sentimento de revolta pela privatização do espaço público, é digno de argumento para ganhar o Óscar de melhor comédia do ano.

Por mero acaso, dias antes de se iniciarem as festas e apresentações da Skoda, passei pela praça das flores onde me deparei com aquele aparato de montagem e tive oportunidade de falar com a organização do evento, que me explicou do que se tratava. Confesso que considerei e considero uma excelente ideia.


Convinha que quem apresentou a moção de censura soubesse:

Foram distribuídos convites aos residentes da praça das flores;

Pelo cedência do espaço, graças à Skoda, aquele jardim foi recuperado. Sim senhor deputado aquele jardim, como todos os outros jardins de Lisboa, como se costuma dizer na gíria metem nojo aos cães. É pena que não haja mais Skodas a utilizarem os restantes jardins de Lisboa para assim ficarem recuperados, já que a Câmara Municipal nada faz. Era sobre a degradação dos jardins que se deveria preocupar.

Graças à iniciativa da Skoda, muitos dos residentes podem ter acesso a espectáculos culturais, já que o município não lhes proporciona essa oportunidade, como foi, por exemplo, a noite de fados que decorreu na rua e a que todos poderam assistir;

Quanto aos prejuízos do comércio, confesso que não se percebe como chega a essa brilhante conclusão,umas vez que lá estão mais pessoas, ou seja, mais consumidores, como tive a oportunidade de testemunhar quando lá estive numa das esplanadas a tomar café. Mais consumidores significará mais consumo e não menos...

Mas estas iniciativas contribuem, também, para a divulgação da imagem de Lisboa e para a promoção turística. Na produção dos espectáculos estão vários estrangeiros, como constatei, que se calhar foi a primeira vez que vieram a Lisboa.

Talvez para alguns deputados municipais a promoção turística de Lisboa não seja importante. É que isto implica sair das fronteiras do território, e o que eles gostam é dos assuntos que estão ao seu alcance, das questões locais, questões vicinais.

Estamos perante um conceito de marketing/publicidade utilizado em todos os países, é claro que Lisboa poderá ficar, orgulhosamente só, fora deste nova estratégia de marketing.

Finalmente, tal iniciativa provocou no Senhor Deputado um sentimento de revolta pela privatização do espaço público. Haja paciência.

Privatização do espaço público é aquilo que há muito a autarquia faz e permite, - e onde alguns deputados municipais tem responsabilidades, visto já terem sido vereadores: - CONSTRUÇÃO DE CONDOMÍNIOS FECHADOS, que proliferam como cogumelos, e para os quais não se encontra justificação alguma, e que a sua finalidade, nas palavras de Zygmunt Bauman, não é outra se não "dividir, segregar e excluir, e de modo algum, a de construir pontes, acessos e lugares de encontro que facilitem a comunicação e aproximem os habitantes da cidade."

Senhor Deputado, era bom que se preocupasse com coisas realmente sérias e importentes porque foi para isso que os Lisboetas o elegeram, certo!!!

E mais não escrevo porque não dou aulas de borla!!!

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