quarta-feira, 25 de junho de 2008

Reflexões Universitárias


Nos meus tempos de faculdade, eu e um grupo de amigos, todos com gosto pelas cidades, tínhamos grandes conversas sobre os aspectos da vida social, a dicotomia vida urbana/vida rural, a passagem da solidariedade mecânica para uma solidariedade orgânica (para utilizar a expressão de Durkheim), sobre se na cidade também existiria vida comunitária ou não, etc etc



Certo dia, um elemento do grupo terminou uma dessas conversa propondo-nos a seguinte reflexão:



Será que existiria uma sociedade fundada nas seguintes características:


Uma sociedade onde não se pode ser diferente;


Uma sociedade onde pensar e dizer o que se pensa é crime lesa pátria;


Uma sociedade onde quem pensa é excluído porque faz sombras aos pseudo iluminados;


Uma sociedade que se dá a luxo de prescindir dos melhores;


Uma sociedade de YES MEN;


Uma sociedade que vive de expedientes, de jeitinhos, de cambalhotas, de esquemas, maledicência, envenenamentos sucessivos;


Uma sociedade onde as pessoas adquirem inteligência pelo cargo que ocupam;


Uma sociedade onde a meritocracia não conta, uma sociedade de amigos de compadrios;


Uma sociedade onde o instinto de sobrevivência levará as pessoas a fazerem tudo, a renunciarem a todos os princípios, a entregarem a cabeça dos amigos em salvas de prata, para manterem os lugarezitos, pois só assim os manterão;


Uma sociedade fundada na mentira onde não se possa confiar em praticamente ninguém, a sociedade da desilusão, onde as pessoas nos desiludem a todo o momento;


Uma sociedade onde a competência, seriedade, lealdade, trabalho, nada contam, antes pelo contrário.


Uma sociedade de fachada, de faz de conta, de máscaras, que escondem o que as pessoas são;


Uma sociedade que emprenha pelos ouvidos;
Etc, etc


Tudo isto veio a propósito de uma conversa, que tive, com uma amiga, que me contou algumas coisas que não sabia, nem imaginava.


Gostava de voltar a conversar com esse meu colega de faculdade para saber o resultado da sua própria reflexão...

3 comentários:

Anónimo disse...

Não vivemos já nessa sociedade?
Onde apenas se excluem alguns para confirmar a regra. E esses a duras penas se mantêm. Gostaria de poder dizer mantemos, mas ...Vou tentando, mesmo quando me dizem que não há pachorra.
A vida humana é uma intriga perene. Em maior ou menor grau vamos emprenhando pelos ouvidos, muitas vezes por aqueles que consideramos amigos. Já passei a fase de acreditar sempre, agora questiono.Há quem diga que é uma defesa, mas mais vale pender para a dúvida do que para a certeza nas coisas difíceis de provar e perigosas de crer.

Anónimo disse...

Quanto a reflexão proposta pelo seu colega de faculdade, dizer 2 coisas:
1 - Não imagino se essas conversas decorreram há muitos anos, se sim, esse seu colega era um visionário, que percebeu bem para onde caminhava a sociedade em que vivemos actualmente.
2- Se essas conversas ocorreram recentemente, foi uma forma simpática e indirecta desse colega lhe dizer em que sociedade vivemos hoje, ou seja, aqueles pontos de reflexão são o retrato exato da sociedade dos nossos dias.

dalmata disse...

Continuo a acreditar num pequeno nicho dessa sociedade orgânica, felizmente tenho quase todos os dias, a felicidade de privar com pessoas de carne e osso e é isso que me mantém optimista embora preocupada com a massificação e mecanização que nos assola.

Falando de coisas mais alegres. Já sei da tua aventura com o T.S. a caminho do T., sim foste um dos alvos da fofoca, mas na próxima sexta-feira tens de ir também porque me esqueci do maior fofoqueiro de LX. Enganei-me, na próxima sexta é que vai ser fofocar, na morena claro. Quem quiser apareça!

BESOS