terça-feira, 16 de dezembro de 2008

DEFICIT EXTERNO


Apenas deixar aqui um indicador, que saiu a semana passada e, que não vi ninguém comentar:



PORTUGAL TEM O 8º MAIOR DEFICIT DO MUNDO, 12% PIB.



Cada um que tire as ilações que quiser, eu já tirei as minhas há muito.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Ramalho Ortigão


A República Portuguesa continua dando ao mundo o mais espantoso e inacreditável espectáculo: - existe!
(...)
Evaporada a infantil e burlesca ilusão de que um país pode continuar a viver como vive uma minhoca em postas, uma vez esquartejado nas suas tradições, nas suas crenças, nos seus usos e costumes, na continuidade de sua experiência histórica, governado por um pessoal improvisado pelo favoritismo político, com uma instrução pública de pedantes, uma religião de ateus, uma polícia de sicários, uma maioria parlamentar de ineptos, um ministério de energúmenos, uma burocracia de vagabundos e uma diplomacia de curiosos, da qual só é dado esperar através das chancelarias e dos salões da Europa a mais estercorária pingadeira de gaffe.

Ora a gente tem mais que fazer do que ficar a assistir indefinidamente ao repisamento de uma demonstração feita.

O público está inteirado, e são horas, para que se não extinga de todo a decência nacional, de ir cada um para sua casa tratar honestamente da sua vida.

Façam os governantes outro tanto, e acabem daí com isso por uma vez.

Ramalho Ortigão, in as últimas farpas (1911-1914)

domingo, 7 de dezembro de 2008

O Bajulador


"Sempre medíocre, este funcionário sobrevive à custa dos serviços que presta e do terror que espalha. Linguareiro com os chefes de departamento e de divisão, estuda-os e conquista a sua confiança. Acaba por lhe conhecer os gostos e os caprichos.

Presta-lhes todo o tipo de serviços e conta-lhes, tudo o que se passa nos gabinetes. E se ainda assim continua, apesar do desprezo que inspira é apenas porque é indispensável e conhece demasiados segredos.

E se a esta enorme fraude associarmos um pouquinho de talento ou de ambição, acaba facilmente por ser promovido. Costuma ser dedicado e nem se importa de ser desprezado ou ignorado, suportando as consequências dos seus atrevimentos com tal calma que ninguém compreende, nem de onde lhe vem o poder, nem a resignação.

Acham-no desprezível mas estendem-lhe a mão. Alcunham-no de jesuíta. Denuncia um pouco, espia muito, conta tudo: na verdade, não lhe escapa nada".

HONORÉ BALZAC(1799-1850), in os Funcionários.

sábado, 6 de dezembro de 2008

O IPPAR EXISTE???

O país está cheio de organismos que não funcionam, poderemos até dizer que não existem, ou melhor, apenas existem porque a lei diz que existem, é uma obrigação que decorre da lei.

Um desses organismos é o IPPAR. Tem uma lei orgânica, competências, pessoal, organigrama, etc, mas apenas no papel, porque na realidade trata-se de um daqueles, muitos, organismos que apenas serve para manter o status quo de uns quantos pseudo importantes, e gastar o dinheiro dos nossos impostos nas mordomias dessa rapaziada.

“O Instituto Português do Património Arquitectónico tem como missão a salvaguarda e a valorização de bens materiais imóveis que, pelo seu valor histórico, artístico, científico, social e técnico, integrem o património arquitectónico do País. Este universo abrange todos os bens materiais imóveis de natureza arquitectónica de interesse cultural, classificados segundo as leis em vigor (…)”Decreto-lei n. 120/97 de 16 de Maio.

Belo parágrafo, pena que não corresponda à realidade. Todos nós conhecemos um sem número de casos de património arquitectónico, deste país, que está a cair de podre, sem que os senhores do IPPAR nada façam, e pior ainda, sem que nada deixem fazer para salvar esse património que é de todos nós, e das gerações vindouras.

É obvio que a recuperação do património classificado terá de obedecer a regras, terá de ser feito por pessoas qualificadas, terá de obedecer a critérios arquitectónicos, etc etc.

Agora o que não pode acontecer é existir património a cair de podre, património no qual o IPPAR não intervêm, (pelas mais variadas razões, sendo que a preferida é falta de verba), nem deixa intervir, preferindo pelos vistos que o mesmo desapareça.

Em muitos casos, não precisa o IPPAR de gastar dinheiro algum, há, por exemplo, autarquias disponíveis para suportarem os custos dessas recuperações, precisando apenas que a rapaziada do IPPAR autorize e disponibilize os técnicos necessários para o efeito.

Mas não, nem pensar. O IPPAR é o retrato fiel do pior do funcionalismo público. Para alguém poder intervir no património, precisa de autorização do IPPAR. O IPPAR é que tem o poder para dar essa autorização, e é daí que advém o seu poder. Faz lembrar a famosa frase “ eu é que sou o Presidente da Junta.

O património, esse, não interessa, o que importa é manter as mordomias, o status quo, a quinta e os interesses.

Por favor acabem com esta vergonha. Também aqui, infelizmente, estamos nos lugares cimeiros da Europa... Triste sina a nossa a de apenas estarmos nos lugares cimeiros no mau...