terça-feira, 15 de abril de 2008

Dr. Vitalino Canas: O Romântico da toxicodependência

Não poderíamos deixar de comentar as reacções à anteproposta de lei que foi aprovada na Assembleia Legislativa da Madeira, que pretende voltar a criminalizar o consumo de estupefacientes e substâncias psicotrópicas.

Uma das reacções foi do Dr. Vitalino Canas, que uma vez mais, do alto da sua arrogância e pseudo superioridade intelectual, veio considerar a anteproposta da ALM “um absurdo” e” que deverá ser chumbada pela maioria socialista na Assembleia da República. A Actual Lei deverá ser revista apenas no sentido de ser aperfeiçoada, mas mantendo o mesmo espírito”

O Dr. Vitalino deve-se considerar a suprema inteligência em questões de toxicodependência, ou como diz um amigo meu:” a última coca-cola do Deserto”.

O Dr. Vitalino é o grande defensor, e pai, da lei 30/2000 que descriminaliza o consumo de drogas e a sua posse até à quantidade considerada necessária para 10 dias.
Como poderia agora, a suprema inteligência em questões de toxicodependência, já não digo recuar, mas admitir, sequer, discussão sobre o assunto? JAMÉ
Vamos aos factos:
Porque aumenta o número de consumidores de canábis?

O aumento da oferta, o desenvolvimento de novas culturas, conjugadas com uma atitude de tolerância, provocou um aumento do consumo que é visível em todos os países europeus. Por exemplo, na Suiça, os casos de consumo excessivo de canábis por jovens de 15 anos quadruplicaram em 12 anos.

Modelo da Suécia

Em finais dos anos 70 o Governo Sueco despenalizou as drogas. Seguindo conselhos de psiquiatras e psicossociólogos, optaram por uma política liberal. A canábis tinha venda livre, embora controlada, e os heroinómanos recebiam heroína.
O que esperava o Governo Sueco:
Esperava a diminuição do número toxicodependentes, e também da criminalidade devida ao tráfico.
Quais foram os resultados:
Contrariamente ao esperado a toxicodependência foi aumentado consideravelmente entre os jovens de ano para ano. O fracasso arrastou também uma grande quantidade de consumidores para a heroína e provocou o agravamento da criminalidade.
A que se deve esse aumento:
Nas questões da toxicodependência, os países mais tolerantes são os que têm maior número de consumidores. Quando lemos os relatórios internacionais respeitantes à droga, apercebemo-nos que uma oferta excessiva está sempre ligada a uma atitude de tolerância do país. Quanto mais fácil é encontrar droga, mais se desenvolve o consumo entre jovens de todas as classes sociais.
Qual a situação actual da Suécia:
Devido a uma nova política adoptada nos anos 80, a Suécia voltou a atingir uma das taxas de consumo de drogas mais baixa da Europa (Leu bem Dr. Vitalino).
Como Conseguiram
O país inteiro atacou de frente o problema da droga. O Primeiro-ministro, Ingvar Carlsson, declarou em 1995: “ como em todos os outros dias, milhares de jovens experimentarão uma droga pela primeira vez. Um bom número deles verá, com o tempo, toda a sua vida ser dominada pela droga. Deteriorarão a sua saúde… como Ministros Suecos responsáveis, não podemos aprovar uma políticva da droga que implica uma capitulação. Não podemos aceitar que haja no nosso país jovens destinados a uma vida de dependência…Afirmamos que é preciso unir agora as nossas forças para combater eficazmente a droga. Na Suécia, a posse, a venda e a utilização da droga são ilegais(…)
Reacção da população:
A população e os meios de comunicação social apoiaram o Governo. Os meios de comunicação social mostraram a droga como desinteressante e nefasta. È preciso não esquecer que os Suecos tinham conhecido uma despenalização e que os factos falavam por si.
Outro exemplo:
O ALASCA foi o primeiro estado americano a legalizar o consumo pessoal de canábis, Maio de 1975.

Em 1989, o consumo de canábis era três vezes superior ao registado no resto EUA.

A partir de 1991, o consumo foi de novo penalizado.

Holanda
Em 1997 deu-se conta de um aumento inquietante do número do número de consumidores de canábis. Ao mesmo tempo deu-se uma subida da criminalidade juvenil, ligada a esta droga qualificada como leve. O perfeito da polícia de Amesterdão, Jelle Kuiper, declarou: “enquanto a classe política julgar que as drogas leves não criam dependência, seremos confrontados quotidianamente com problemas… que não existem” Esta opinião foi retomada, de forma quase idêntica, pelo representante da polícia de Haia “ 65% do aumento contínuo da criminalidade deve-se sobretudo aos jovens consumidores de droga” E não é tudo. Em 1997, o Governo Holandês publicou um relatório no qual reconhecia que “ o consumo de droga é a principal causa dos crimes contra a propriedade”.

Dr. Vitalino, absurdo é VEXA considerar a proposta da ALM um absurdo, isto porque são várias as abordagens existentes no que toca a problemática das drogas, (como poderá ver pelos exemplos apresentados), não há uma que seja a abordagem ideal para esse flagelo que atinge todas as sociedades e que tantos danos provoca.

Desça desse seu pedestal de pseudo suprema inteligência em questões de toxicodependência, recomenda-se-lhe alguma humildade para tratar destas questões, uma vez que as questões da toxicodependência afectam não apenas o indivíduo, acabando sempre por se reflectir na família, na sociedade exigindo desta muita atenção e elevada despesa.
Talvez um dia voltemos a este tema, mas continuando a não pensar como toda a gente.
Será que corremos o risco de sermos eliminado?

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