domingo, 7 de dezembro de 2008

O Bajulador


"Sempre medíocre, este funcionário sobrevive à custa dos serviços que presta e do terror que espalha. Linguareiro com os chefes de departamento e de divisão, estuda-os e conquista a sua confiança. Acaba por lhe conhecer os gostos e os caprichos.

Presta-lhes todo o tipo de serviços e conta-lhes, tudo o que se passa nos gabinetes. E se ainda assim continua, apesar do desprezo que inspira é apenas porque é indispensável e conhece demasiados segredos.

E se a esta enorme fraude associarmos um pouquinho de talento ou de ambição, acaba facilmente por ser promovido. Costuma ser dedicado e nem se importa de ser desprezado ou ignorado, suportando as consequências dos seus atrevimentos com tal calma que ninguém compreende, nem de onde lhe vem o poder, nem a resignação.

Acham-no desprezível mas estendem-lhe a mão. Alcunham-no de jesuíta. Denuncia um pouco, espia muito, conta tudo: na verdade, não lhe escapa nada".

HONORÉ BALZAC(1799-1850), in os Funcionários.

1 comentário:

Anónimo disse...

"A bajulação é a moeda falsa que só circula por causa da vaidade humana."
François La Rochefoucauld

E digo eu: ele há por aí cada vaidoso...