quarta-feira, 28 de maio de 2008

Princípio de Peter


O princípio de Peter explica a forma como homens e mulheres, nas hierarquias estabelecidas, sobem os degraus do êxito até chegarem ao seu respectivo nível de incompetência. Quando uma hierarquia estabelecida não está imediatamente disponível, o indivíduo trata de construir uma e inicia a ascensão.

Laurence J. Peter, in o receituário de peter

quarta-feira, 21 de maio de 2008

EÇA DE QUEIROZ IV


O corpo legislativo há muitos anos que não legisla. Criado pela intriga, pela pressão administrativa, pela presença de quatro soldados e um Sr. Alferes, e pelo eleitor a 500 reis, vem apenas ser uma assembleia muda, sonolenta, ignorante, abanando com a cabeça que sim. Às vezes procura viver, mover-se, e demonstra então, em provas incessantes, a sua incapacidade orgânica para discutir, para pensar, para criar, para dirigir, para resolver a questão mais rudimentar de administração. Não sai uma reforma, uma lei, um princípio, um período eloquente, um dito ao menos!
A deputação é uma espécie de funcionalismo. É uma colocação, é um emprego.

Eça de Queiroz, in As Farpas

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Por favor, extingam a ASAE e mandem o Sr. António Nunes para a Sibéria!!!

Imagem: www.asae.pt
Vergonhoso, revoltante, repugnante.

São estas, entre outras, as qualificações para mais uma acção da tão falada ASAE, que decidiu visitar instituições de solidariedade social, e do alto da sua arrogância exige que: “as cozinhas tenham os mesmos requisitos que as de um restaurante, proíbe as instituições de aceitar alimentos dados pelas populações e deita fora toda a comida congelada em arcas normais”. Outra da exigência é “ a existência de um túnel de congelação”.

Alegam estas almas inteligentes, que tal facto se deve a um regulamento comunitário. Lendo as noticia que foram publicadas sobre o assunto, verificamos que tal não é consensual pois para Ana Soeiro, antiga responsável pela divisão de promoção de produtos de qualidade no Ministério da Agricultura defende” as instituições de solidariedade social não estão obrigadas a cumprir os regulamentos comunitários de higiene”

O jurista Mário Frota, Presidente da associação portuguesa do direito do consumo tem dúvidas quanto à interpretação que os iluminados da ASAE fazem do dito regulamento.

Mas para o Sr. António Nunes, pelos vistos o supra sumo da inteligência, não há duvida alguma e aplica-se o tal regulamento, sem dó nem piedade.
Em termos comparativos seria o mesmo que, chegar ao pé dos clubes de futebol dos escalões distritais e obrigá-los a cumprir os requisitos dos clubes da Primeira divisão.

é altura de alguém, Governo, pôr o Sr. António Nunes, no seu devido lugar, que é como quem diz, na RUA. Este Senhor, já deu mais que provas que não cumpre os mínimos olímpicos para o desempenho deste cargo, que é pago com o dinheiro de todos nós, incluindo de muitos dos que têm de recorrer a instituições de solidariedade social para satisfazerem as suas necessidades alimentares, e que não o puderam fazer porque o Sr. António Nunes decidiu mandar a comida para o canil, ainda segundo testemunhos, sem sequer serem analisados.

Basta o olho clínico destas supremas inteligências da ASAE. Quais laboratórios da policia cientifica…


a) O Sr. António Nunes desconhecerá a realidade da pobreza em Portugal, nem certamente saberá o que isso é. Mas como estamos sempre a aprender podemos-lhe arranjar uma visita guiada;

b) O Sr. António Nunes, preferirá que as pessoas procurem comida nos caixotes do lixo (como infelizmente já vimos em reportagens televisivas) do que irem alimentar-se às instituições de solidariedade social; Certamente dirá, aí os produtos não estão congelados!!!

c) O Sr. António Nunes desconhecerá o que são Instituições de Solidariedade Social, o seu funcionamento, as suas dificuldades, nem sequer sonhará a importância que têm na sociedade;

d) O Sr. António Nunes não saberá que essas instituições vivem, como sempre viveram de donativos, quer monetários quer alimentares;

e) Será que o Sr. António Nunes também tem, em sua casa, um túnel de congelação?

f) O Sr. António Nunes pôs em causa a rede de solidariedade dos portugueses, ou seja, eu e milhares de portugueses costumamos contribuir para as diversas campanhas de recolha de alimentos, mas será que, a partir de agora, vale a pena? É que pode aparecer o Sr. António Nunes e mandar a comida toda para o canil.

Se todos os Portugueses ganhassem, e tivessem as regalias do Sr. António Nunes, não seriam precisas instituições de solidariedade social, nem nenhum português passaria fome.

Lanço-lhe um desafio:

Torne público quanto é que os Portugueses lhe pagam, vencimentos mais regalias, sim porque somos nós que lhe pagamos com os nossos impostos o seu vencimento.

O Sr. António Nunes já nos presenteou com os seguintes exemplos, entre outros:

a) Maravilhosos espectáculos televisivos das actuações da ASAE ao melhor estilo do que se passa em Hollywood. Aliás este ponto mereceria cuidada análise jurídico

b) No dia 1 de Janeiro de 2008, dia em que entrou em vigor a lei anti tabaco, apanhado a fumar no casino; (mais do que saber se era espaço para fumadores ou não, registamos o exemplo.)

c) Enganou-nos em relação ao plano que fixa metas para os inspectores atingirem este ano concretizadas em número de detenções, suspensões e contra-ordenações. Começou por dizer que esse documento não existia, acabando por confirmar a existência de tal documento, acrescentado que tal documento não tem legitimidade (sem comentários);

d) Segundo notícias públicas, em edifício da ASAE existiam extintores fora de prazo; Desgraçado do português que tivesse a infelicidade de a ASAE o fiscalizar e detectar extintores fora de prazo;

e) O Sr. António Nunes e a Instituição a que preside deve fiscalizar, também, o cumprimento da lei do tabaco. Ora o Sr. Primeiro-ministro e o Ministro da Economia fumaram a bordo de um avião da TAP onde não é permitido.

Sr. António Nunes, o que tem a dizer aos portugueses sobre este assunto. Já aplicou a coima aos dois? Ou será que tem medo de aplicar coimas aos seus chefes…


Perante tudo isto só existem duas hipóteses:

a) Ou se demite
b) Ou é demitido
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P.S) É óbvio que ninguém é contra o facto de existirem normas de segurança e higiene alimentar, agora o que também é óbvio é que ninguém está disposto a aturar a falta de bom senso reinante nessa instituição.
Pena que não haja bom senso à venda, pois teria todo o gosto em encabeçar um movimento de angariação de bom senso para dar a essa instituição, todavia teríamos de por aí um túnel de congelação, pois seria necessário angariar bom senso em quantidade industrial, não fosse aparecer alguém a fiscalizar!!!
JÁ AGORA, ALGUÉM ME ESCLARECE QUEM FISCALIZA A ASAE E O SR. ANTÓNIO NUNES!!!!

domingo, 18 de maio de 2008

Martin Luther King

Foto: http://www.educationalsynthesis.org/holidays/images/king.gif


O que mais preocupa

não é o grito dos violentos,

nem dos corruptos,

nem dos desonestos,

nem dos sem carácter,

nem dos sem ética,

o que mais preocupa é o silêncio dos bons!



Martin Luther King

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Energia Negativa

QUE UMA VEZ SE PONHA A GALHOFA AO SERVIÇO DA JUSTIÇA!

Eça de Queiroz, in As Farpas

quarta-feira, 14 de maio de 2008

EDUARDO PRADO COELHO


(Eduardo Prado Coelho, antes de falecer, teve a lucidez de nos deixar esta reflexão, sobre nós todos, por isso façam uma leitura atenta. É um pouco longo, mas vale a pena)
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A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada.

Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates.

O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro.

Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma Virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.

Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos ....e para eles mesmos.

Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.

Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito;

- Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano;

- Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos;

- Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros;
- Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é muito chato ter que ler) e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.

- Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.

Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame.

- Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.

- Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.

- Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.

- Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.

- Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.

Como 'matéria prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.

Esses defeitos, essa 'CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA' congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte...

Fico triste.

Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada...

Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier.

Qual é a alternativa?

Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror?

Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente abusados!

É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...

Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.

Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer.

Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.

Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos:

Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, tolerantes com o fracasso.

É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.

Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.

AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.

E você, o que pensa?.... MEDITE!

EDUARDO PRADO COELHO, in Público

Max Weber


As lutas partidarias não são, portanto, apenas lutas para consecução de metas objectivas, mas são, a par disso, e sobretudo, rivalidades para controlar a distribuição de empregos.

in, a política como vocação

terça-feira, 13 de maio de 2008

EÇA DE QUEIROZ

Nestes estados de civilização, ruidosos e ocos, tudo deriva da vaidade, tudo tende à vaidade. E a forma nova de vaidade para o civilizado consiste em ter o seu rico nome impresso no jornal, a sua rica pessoa comentada no jornal! «Vir no jornal» eis hoje a impaciente aspiração e a recompensa suprema.
(…)
Nas nossas democracias a ânsia da maioria dos mortais é alcançar em sete linhas o louvor do jornal.
In, Correspondência de Fradique Mendes

segunda-feira, 12 de maio de 2008

A Ramalho Ortigão


Meu caro Ramalho

(...)

E simplesmente o que eu quero fazer, é dar um grande choque eléctrico ao enorme porco adormecido(refiro-me à pátria). você dirá:



Qual choque! oh, ingénuo! o porco dorme: podes-lhe dar quantos choques quiseres, com livros, que o porco há-de dormir. O destino mantém-no na sonolência, e murmura-lhe: « Dorme, dorme, meu porco!»



Perfeitamente: mas eu estou-lhe a dizer o que pretendo fazer - e não o que o país fará: naturalmente continuará a dormir: veremos.



Eça de Queiroz, Newcastle, 10 Novembro de 1878

domingo, 11 de maio de 2008

Álcool: A distorção dos incentivos

No texto de ontem coloquei a questão na distorção dos incentivos[1], ou seja, as pessoas, as empresas, os governos e até as economias respondem a incentivos. Se os incentivos estiverem distorcidos, as escolhas económicas que as pessoas tomam no dia a dia irão reflectir isso mesmo.

Para terminar, as questões do álcool, gostaria de retomar uma vez mais a questão da distorção dos incentivos, e a hipocrisia que reina neste país à beira mar plantado.

Ora, sendo o álcool o maior problema de saúde publica em Portugal seria de esperar da parte de quem manda que se tomassem medidas para combater este flagelo, e que não houvesse distorção dos incentivos.

Ora o que, infelizmente, se constata é precisamente o inverso, se não vejamos:

1- A Sagres Patrocina a Selecção Nacional de Futebol;
2- A liga Portuguesa de Futebol Profissional criou a taça da liga que se chama: Taça Carlsberg
3- A Liga Portuguesa de Futebol Profissional assinou contrato com a sagres para no próximo ano a liga de futebol passar a ser liga Sagres;
4- As cervejeiras podem patrocinar tudo o que é festa, concerto, festival de Música, Queimas das fitas, etc etc.

Lembro-me de quando a BWIN assinou contrato com a liga de futebol para patrocínio da Liga Profissional de Futebol, a celeuma que levantou por causa dos jogos de apostas, os processos que entraram em tribunal, as declarações de membros do Governo e da classe política sobre a matéria, os pedidos de pareceres sobre o assunto.

E não estava em causa nenhum, nem o maior, problema de saúde pública do país. MAS ISSO, SIM, ERA IMPORTANTE.

Agora que a Cervejeiras Patrocinem o futebol, os festivais, etc etc, não há problema algum para quem manda neste país.

Mas há e grave, é que caso ainda não se tenham apercebido morrem por ano 8000 portugueses devido ao álcool, os custos económicos foram calculados em 5% PNB e os custos humanos e sociais transcendem todas a percentagens.

É assim a hipocrisia de quem nos governa!!!



[1] Sobre a questão da distorção dos incentivos ver: Pereira, Álvaro Santos “ Os Mitos da Economia Portuguesa”, Editora, Guerra &Paz. Sem dúvida um dos mais brilhantes livros de economia escrito em português.

RESPOSTA AO COMENTARIO DA NOCAS

Nocas,
Se em Portugal se cumprissem todas as leis seríamos, sem margem para dúvida, o país mais perfeito do mundo.

Mas eu não poria a questão assim, pô-la-ia de outro maneira, e que é a distorção dos incentivos, ou seja, as pessoas, as empresas, os governos e até as economias respondem a incentivos. Se os incentivos estiverem distorcidos, as escolhas económicas que as pessoas tomam no dia a dia irão reflectir isso mesmo.

Incentivos errados levam a comportamentos igualmente errados.

As pessoas respondem aos incentivos que lhes fornecem. Se os nossos governantes e dirigentes quebram sistematicamente deliberadamente as leis, reduzem-se os incentivos para o cidadão comum as cumprir zelosamente.

Ou seja, se existe uma lei que proíbe o consumo de álcool a menores de 16 anos, se essa lei fosse cumprida, não veríamos os tristes espectáculos que vemos quando saímos à noite de miúdos de 13, 14, 15 anos completamente bêbados.

Assim se se quebram as regras uma vez porque não quebrá-las outra vez e outra e outra e outra?

Quando os governos têm um sistema de incentivos distorcidos, os seus desempenhos serão também afectados.

Exemplos de incentivos distorcidos é coisa que não falta neste país:

Rendimento Social de Inserção – incentivo ao não trabalho;

Toxicodependência: Descriminalização dos consumos de drogas, e da sua posse até à quantidade considerada necessária para 10 dias. Com o devido respeito quem anda com quantidade equivalente ao necessário para 10 dias só pode andar no tráfico.

Álcool – apesar de a lei proibir consumos a menores de 16 anos, consome-se a partir de qualquer idade que ninguém fiscaliza.
Contrariamente a alguns países onde o consumo é interdito a menores de 18, e quando há duvidas relativas à idade é solicitada a identificação à pessoa em causa sem qualquer problema;

Extinção dos Centros de alcoologia, e integração das atribuições no IDT.
O que se verifica é a redução da missão dos ex. Centros de Alcoologia, transformando-os em meros centros de recuperação de alcoólicos, o que significa um retrocesso aos anos de 1970.

Assim é difícil combater este flagelo.
SEM DÚVIDA ALGUMA O MAIOR PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA EM PORTUGAL.

Precisamos para além de incentivos não distorcidos, mais educação para a saúde, redução da oferta, prevenção, investigação, formação, na prática serviços especializados que possam dinamizar as intervenções quer o tratamento quer a prevenção.

A VERDADEIRA FACE DO ALCOOLISMO


As consequências decorrentes do consumo excessivo de álcool manifestam-se:


1- O abuso e a negligência infantil;
2- A violência contra as mulheres e a violência doméstica;
3- O elevado número de mortes por cirrose alcoólica (4ª causa de morte) e por acidentes rodoviários conexos;
4- O desemprego e a exclusão social;
5- O insucesso escolar (que é duplo nas crianças e jovens que consomem álcool, versus os que não consomem bebidas alcoólicas);
6- Acidentes de trabalho (mais de ¼ estão relacionados com os consumos de álcool); suicídios;
7- Homicídios (mais de metade estão relacionados com o consumo de bebidas alcoólicas);
8- Internamentos hospitalares (chega a atingir os 50%);
9- Taxa de mortalidade precoce e distorcida;
10- Síndrome fetal alcoólica, absentismo, etc.

As consequências decorrentes do consumo excessivo de álcool manifestam-se não apenas em problemas de saúde como, até, em situações de infelicidade, perda, dor, privação, negação de si mesmo, ruptura familiar e marital, danos a terceiros e autodestruição.

Os custos económicos dos problemas relacionados como álcool foram estimados em 5% do PNB. Os custos humanos e sociais, esses, transcendem todas as percentagens.

O problema do álcool existe e não afecta apenas o indivíduo. As questões decorrentes da ingestão excessiva de bebidas alcoólicas acabam sempre por se reflectir nas famílias e na sociedade, exigindo destas muita atenção e elevadas despesas.

Em 1988 foram criados em Portugal os Centros Regionais de Alcoologia, ( Decreto Regulamentar n.º 41/88 de 21 de Novembro) seguindo as resoluções emanadas da OMS e as recomendações do perito consultor para Portugal daquela organização.

Em 2006 os centros regionais de Alcoologia foram extintos ( Decreto-Lei nº 212/2006 de 27 de Outubro) sendo as suas atribuições integradas no Instituto da Droga e da Toxicodependência, I.P.

Estima-se que existam no nosso país mais de 1 milhão pessoas com problemas de álcool (dependentes +síndrome de abuso) e cerca de 500 mil alcoólicos dependentes.

Este magno problema de saúde pública ceifa a vida a mais de 8000 portugueses por ano.



sábado, 10 de maio de 2008

O caso mental português

Se fosse preciso usar de uma só palavra para com ela definir o estado presente da mentalidade portuguesa, a palavra seria «provincianismo»
(...)
Para o provincianismo há só uma terapeutica: é saber que ele existe. O provincianismo vive da inconsciência; de nos supormos civilizados quando o não somos.
Fernando Pessoa, O caso mental Português

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Os Romanticos do Alcoolismo!!!!

www.cinematografo.com.br/page/2/
Não pretendemos, neste texto, tratar aprofundadamente as questões do alcoolismo, (essas ficam para mais tarde) apenas dizer que os Açores, perderam uma excelente oportunidade de tomarem a dianteira no combate ao flagelo do alcoolismo, meramente por questões politico partidárias, como sempre acontece neste país, e não por questões científicas.


Dizer ao Senhor Deputado do Partido Socialista, José Rego, algumas coisas simples que deveria saber:


a) o insucesso escolar é duplo nas crianças e jovens que consomem álcool, versus os que não consomem bebidas alcoólicas;


b) Morrem por ano em Portugal 8000 pessoas devido ao álcool;


c) Economicamente os problemas relacionados com o álcool custam 5% do PNB. Os custos sociais e humanos ultrapassam todas as percentagens;


d) São os adolescentes e as mulheres quem mais contribui para o aumento dos consumos de álcool.

O Alcoolismo é o maior problema de Saúde pública no nosso país.



O consumo excessivo de álcool manifesta-se, não apenas, em problemas de saúde, mas também em situações de infelicidade, perda, dor, privação, negação de si mesmo, ruptura familiar e marital, danos a terceiros, autodestruição.



O problema do álcool existe, tende a crescer e não afecta apenas o indivíduo. De uma forma ou de outra, as questões decorrentes do excesso de álcool acabam sempre por se reflectir na família, na sociedade, exigindo destas muita atenção e elevadas despesas.



Seria bom que quando falasse se informasse melhor acerca dos assuntos e nos dispensasse dos seus disparates.



Termino dizendo-lhe Senhor Deputado que, se a asneira /disparate em Portugal pagasse imposto, o país não teria deficit mas sim superávit, e o Senhor Deputado seria um dos grandes responsáveis por esse extraordinário facto.

Açores: Maioria Socialista impede aumento da idade mínima para o consumo de bebidas alcoólicas

A maioria PS na Assembleia Legislativa dos Açores impediu, terça-feira à noite, o aumento da idade mínima permitida para o consumo de bebidas alcoólicas, que o PSD pretendia passar de 16 para 18 anos.


A proposta dos sociais-democratas integrava um pacote legislativo de combate ao alcoolismo juvenil, que determinava a aplicação de sanções e restrições no acesso ao álcool por parte dos mais novos mas a decisão da bancada da maioria acabou por "desvirtuar" o diploma.


O pacote legislativo acabou por ser aprovado por unanimidade, embora com as alterações impostas pelos socialistas, que entendem não existirem estudos que "comprovem a necessidade de aumentar as restrições" ao consumo junto dos mais novos.


José Rego, de bancada socialista, explicou, na ocasião, que o diploma do PSD era "importante" mas que o seu partido não via necessidade de aumentar dos 16 para os 18 anos a idade limite para o consumo de álcool.


José Manuel Bolieiro, do PSD, lamentou que os socialistas tenham mudado de opinião desde a apresentação deste diploma no Parlamento, em Março, criticando o facto dos socialistas não apresentarem "argumentos válidos" para alterar a proposta inicial.


O PSD também pretendia fixar um limite mínimo de 200 metros, para a instalação de bares e cafés junto a estabelecimentos escolares mas o PS decidiu também reduzir essa proibição para apenas 100 metros, alegando a pequena dimensão de muitas localidades açorianas.


Recorde-se que o PSD já fez aprovar no Parlamento, em sessões legislativas anteriores, outros diplomas relacionados com o combate ao alcoolismo, um dos quais determina a redução da taxa de alcoolemia no sangue para determinadas categorias de condutores, de 0,5 gramas para 0,3 gramas por litro de sangue.
www.lusa.pt

segunda-feira, 5 de maio de 2008

O homem Massa

"Por toda a parte surgiu o homem massa(...), um tipo de homem feito à pressa, montado apenas sobre umas quantas abstracções e que, por isso mesmo, é idêntico de uma ponta à outra da Europa. A ele se deve o triste aspecto de monotonia asfixiante que a vida vai tomando em todo o continente. Este homem massa é o homem previamente esvaziado da sua própria história, sem entranhas de passado e, por isso mesmo, dócil a todas as disciplinas chamadas internacionais."
Ortega Y Gasset , A rebelião das massas

Democracia portuguesa é das piores da Europa


A qualidade da democracia portuguesa está longe de ser comparar às melhores democracias europeias. Ao invés, encontra-se bastante abaixo da média, situando-se ao nível de países como a Lituânia e a Letónia, e só acima da Polónia e da Bulgária.


As conclusões são da Demos, uma organização não governamental (ONG) britânica que tem por principal objectivo "pôr a ideia democrática em prática" através, por exemplo, de estudos. A Demos divulgou no final de Janeiro um "top" de avaliação da qualidade democrática em 25 países da UE denominado "Everyday democracy index" (EDI, cuja tradução possível será "index da democracia quotidiana").


Trata-se de uma avaliação sofisticada que envolve mais itens do que o normal em avaliações deste género. O escrutínio não se fica pelos aspectos formais da democracia (eleições regulares, por exemplo). Vai mais longe, avaliando o empenho popular na solução democrática dos seus problemas e, por exemplo, a qualidade da democracia dentro das relações familiares.


Os resultados quanto a Portugal contrastam, por exemplo, com o último Democracy Índex mundial divulgado pela revista britânica The Economist, e relativo a 2007. Nessa tabela (ver DN de 5 de Abril), Portugal aparece classificado em 19º lugar (no mundo), posição que sobe para 12º quando vista apenas entre os 27 países da UE.


No EDI, Portugal está em 21º lugar, ficando apenas à frente da Lituânia, da Polónia, da Roménia e da Bulgária. Vários países que até há poucos anos orbitavam no império soviético encontram-se melhores classificados, segundo este "top" (ver gráfico).O que se passa então com Portugal?


Olhando para o gráfico, percebe-se a resposta: de um ponto de um ponto de vista da democracia formal, Portugal fica em 14º lugar, acima de países como a Espanha ou a Grécia ou a Itália. O que puxa a democracia portuguesa para baixo são os outros critérios.


Por exemplo: a participação. Aqui a posição portuguesa desce para 19º lugar. Ou seja, as instituições políticas formais estão pouco cercadas de associações cívicas que as escrutinem. Um aspecto inovador do estudo da Demos é o que avalia também a "democracia familiar". Tenta perceber-se em que países há mais direitos para cada um escolher a estrutura familiar.


Entre os 25 países analisados, Portugal ficou em 21º. No cômputo geral, a Demos concluiu o que já se intuía: há um claro padrão geográfico na qualidade das democracias. Os países nórdicos são os melhores. As democracias vão-se fragilizando à medida que se desce no mapa europeu.


Os países protestantes tendem a ser mais abertos que os católicos.Verificou-se, por outro lado, que não há uma relação directa entre a qualidade formal da democracia e a qualidade da democracia quotidiana, que é tanto aquela que se exerce numa assembleia de voto como aquela que se pratica na reunião familiar onde se decidem as férias do Verão.



PALAVRAS PARA QUÊ... ESTÁ TUDO DITO!!!

Com efeito, Portugal é já A PÁTRIA DOS ABUSOS, Eça de Queiroz 1867




Há no mundo uma raça de homens com instintos sagrados e luminosos, com divinas bondades do coração, com uma inteligência serena e lúcida, com dedicações profundas, cheias de amor pelo trabalho e adoração pelo bem, que sofrem, e se levantam em vão.
Estes homens são o povo.
(…)
Estes são o povo, e são os que nos alimentam.
(…)
Estes homens são o povo, e são os que nos vestem
(…)
Estes homens são o povo, e são os que nos enriquecem
(…)
Estes homens são o povo, e são os que nos defendem
(…)
Estes homens são os que os defendem.

E o mundo oficial, opulento, soberano, o que faz a estes homens que os vestem, os alimentam, que os enriquecem, que os defendem, que os servem.

Primeiro, despreza-os; não pensa neles, não vela por eles, trata-os como se trata os bois; deixa-lhes apenas uma pequena porção dos seus trabalhos dolorosos; não lhes melhora a sorte, cerca-os de obstáculos e dificuldades, forma-lhes em redor uma servidão que os prende e uma miséria que os esmaga, não lhe dá protecção; e terrível coisa, não os instrui; deixa-lhes morrer a alma.

É por isso que os que têm coração e alma, e amam a justiça, devem lutar e combater pelo povo.
E ainda que não sejam escutados, têm na amizade dele uma consolação suprema.

Eça de Queiroz 1876

domingo, 4 de maio de 2008

Cataratas Políticas


Nos últimos tempos temos sido confrontados com notícias relativas à problemática das operações às cataratas que alguns municípios portugueses contratualizaram com Cuba devido à falta de resposta do SNS português.

E, de repente, já toda a gente falou, gente que até aqui esteve em absoluto silêncio, gente que tinha conhecimento da situação, gente que e assistia ao sofrimento dessas Portuguesas e Portugueses, gente que nada fez para resolver a situação, a saber:

O Bastonário da Ordem dos Médicos diz “ que é propaganda[1] política” mandar doentes para Cuba., e até levantou dúvidas quanto à qualidade dos serviços médicos cubanos.

A Ministra da Saúde manifestou preocupação com a forma como estão a ser acompanhados os idosos que são operados aos olhos em cuba e desafiou as autarquias que os levam a propor semelhante intervenção no sector social português.

O sector Privado da Saúde, apesar da lista de espera já estar nos 29 mil, diz que “Portugal tem capacidade instalada para resolver o problema, pelo que é desnecessário e mais caro o envio de paciente para Cuba”.

O Grupo das Misericórdias Saúde, “também considera curiosa a espera quando as misericórdias têm capacidade para realizar três mil cirurgias ao mês, com preço especial para o Estado”.

O Primeiro-Ministro, vergonhosamente vem dizer que “o Governo vai ter programa para “reduzir rapidamente” listas de espera de cirurgia às cataratas.

Vir agora, o Primeiro Ministro, ao fim de três anos de Governação proferir esta declaração quando sempre teve conhecimento da situação, é no mínimo vergonhoso. Que andou a fazer até agora? Será que se as autarquias não tivessem celebrado os protocolos com Cuba, se a Comunicação Social não tivesse dado eco dessa situação, teria o Primeiro Ministro dito alguma coisa sobre o assunto, ou continuaria tudo escondido debaixo do tapete.

Confesso que, cada vez mais, me convenço que há pessoas que de quando em vez aparecem a falar sobre determinados assuntos, como se tivessem vindo teletransportadas de uma outra qualquer galáxia, sem qualquer responsabilidade na matéria.

É vergonhoso termos chegado a esta situação, pessoas trabalharem uma vida toda, contribuírem com o seu esforço e saber para o desenvolvimento do país e, depois, quando precisam de medicina vão para as famosas listas de espera.

Bem hajam as autarquias que contratilazaram com Cuba a resolução desses problemas, possibilitando assim aos seus munícipes melhor qualidade de vida, evitando que alguns fiquem definitivamente cegos que seria o fim que teriam nas famosas listas de espera. (pelos vistos isto não incomoda os que até agora estiveram calados e só agora falam)

A mim parece-me que este falatório todo tem a ver com o facto de andarem a mexer em ALGUNS QUINTAIS, esses quintais intocáveis dos intocáveis…

[1] “Propaganda no seu devido significado é uma palavra perfeitamente sã, de honesta ascendência, e com uma honoravel história.
O facto de carregar hoje um significado sinistro, mostra simplesmente o quanto de criança permanece na dimensão adulta”. Edward L. Bernays, Propaganda, mareantes editora.
Recomenda-se a leitura ao Senhor Bastonário da Ordem dos Médicos