Prós e Contras, dedicado às grandes obras públicas projectadas para este país.
É confrangedor ouvir alguns iluminados falarem destes assuntos, e falarem de milhões e milhões que serão pagos por gerações futuras, como se estivessem a falar de copos de água.
O país atravessa uma situação crítica, muito critica: Endividamento Externo - 100% - e a crescer 10% ao ano.
Exemplo simples para se perceber: imagine-se que uma família ganha 1000 euros por mês e, mal recebe esses 1000 euros, vão direitinhos para pagar dívida, fica com zero(o). E para o ano essa dívida passa a ser 1100 euros, e assim sucessivamente.
Assim se encontra o país.
Perante este cenário crítico, temos iluminados a defenderem grandes projectos de investimento público que vão agravar a Balança Corrente, i.e, que vão contribuir para o aumento das nossas importações, uma vez que quase tudo do que precisaremos para o TGV, por exemplo, será importado.
"Se um país vive com déficit da Balança Corrente (importar mais do que exporta), está a usar mais produto do que produz e obtém a diferença através de empréstimos do estrangeiro. Um país, tal como uma família, a restrição de longo prazo sobre o consumo e o investimento é a quantidade de produto que pode ser produzida. Assim, um país, como uma família, poderá usar mais do que produz no curto prazo(financiado a diferença através de empréstimos) mas não a longo prazo".( Moss, A, David: Economia para todos, academia do Livro, 2009)
Ora Portugal vive em situação de défice (estrutural) há muito anos.
Por isso quando os iluminados dizem que, os países da Europa estão a apostar no investimento público, seria interessante que esses iluminados dissessem que esses países não vivem em situação de défices estruturais, e que o seu endividamento externo não é de 100% e a crescer 10% ao ano.
Depois ouvir, o Dr. José Reis, defender que "o Investimento Público é crucial para Portugal."
Eu diria que, o que é crucial para Portugal, é o investimento Privado. Aliás é este investimento que produz riqueza e desenvolvimento dos países, e representa 80% do investimento mundial.
Por isso quando, Portugal e os iluminados, perceberem que a solução para o país é o Investimento Directo Estrangeiro, que implica "refundar" este país, ou seja, implica que não tenhamos os níveis de burocracia que temos, implica que não tenhamos a morosidade da justiça que temos, implica que não tenhamos a carga fiscal que temos, etc, etc, talvez nessa altura consigamos aumentar as exportações e diminuir as nossas importações, equilibrar a Balança de Pagamentos, e consigamos desenvolver este país, à semelhança do que outros países fizeram.
Tudo o resto é mandar areia para os olhos dos portugueses. É enganar os Portugueses.
E já agora, a lógica dos grandes investimentos está mais que ultrapassada. Priviligia-se, agora, os pequenos investimentos de proximidade. Aliás esta é, até, a logica do Banco Mundial há vários anos. Mas Portugal, pelos vistos, anda sempre em contra circulo.
2 comentários:
A grande questão passa pela falta de transparência na gestão dos dinheiros públicos e pela necessidade de efectuar grandes investimentos que geram elevadas contrapartidas.
Caro anónimo
Quanto à falta de transparência na gestão dos dinheiros públicos, estou plenamente de acordo, mas isso seria tema para um outro debate.
Quanto à necessidade de se efectuarem grandes investimentos que geram elevadas contrapartidas, aí já não estou tanto d acordo.
A questão dos grandes investimento, há muito que foi abandonada ao nivel da política de desenvolvimento, já nem mesmo o Banco Mundial a utiliza. Todavia, isso não significa que não se devam fazer grandes investimentos, desde que, os mesmos, gerem elevadas contrapartidas.
Agora , o que já não me parece nada racional é que, perante o cenário de endividamento brutal deste país, se avance para investimento megalomanos de rentabilidade muito duvidosa.
Exemplo, TGV: a sua construção vai implicar um aumento das nossas importações, o que só vem prejudicar a nossa situção ao nivel da Balança de Pagamentos.
Por isso é que dizia que, o que precisamos é IDE, ou seja, atrair empresas estrangeiras para se instalarem em Portugal,e exportarem a partir de cá, aumentando assim as nossas exportações e diminuindo as nossas importações e, assim, equilibrarmos a Balança de pagamentos.
E no que toca ao nosso endividamento externo, apenas acrescentar que, não tivesse Portugal inserido na UE, e a situação seria, no mínimo idêntica, para não dizer pior, que a da ISLANDIA quando entrou em bancarrota.
Foi com políticas idênticas a estas que ocorreu a grandes crise da América Latina em 1982.
Talvesse fosse útil, que os nossos governanetes, não ignorassem essa grande crise.
Coloco, novamente, a frase do Prof. Paul Krugman, em relação à crise de 1982, na América Latina: “ … Os Governos ( ...) mediante programas populistas para os quais não dispunham de recursos financeiros (...) recorriam quer a empréstimos concedidos por banqueiros estrangeiros pouco consciencioso, acabando por ocasionar uma crise na Balança de Pagamentos e cair no incumprimento (…)”
Mas claro que respeito a sua opinião, e agradeço o seu comentário.
9 de Abril de 2009 9:29
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